Era um caso estranhíssimo. Um menino
comia moedas. O pai só descobriu porque era muito avarento e dizia que cinco
centavos também era dinheiro. Um mês de saldo negativo e o analista
diagnosticou um distúrbio anti-capitalista no pobre molequinho. Diante do
desespero financeiro do genitor a mãe tentou de tudo: médico, psicólogo, até
pai de santo. Ninguém dava jeito, e o pequeno estômago insaciável já cobiçava
maiores moedas. Um belo dia apareceu um economista, indicado pelo pai.
A sentença foi a seguinte: “De acordo com a atual conjuntura, estamos diante de um gênio; ele está à frente de nosso tempo". O pai resistiu a uma ebulição nervosa, mas compreendeu o futuro; pediu, então, que a criada servisse a todos uma generosa porção de moedas, e
bradou: “Bon appétit, sejamos a vanguarda.”