Quando nascemos somos uma espécie de
vazio. Um sopro, quase imóvel, que paira sobre uma mão gigante. A mão do apego.
Aos poucos, vindas de todos os lados, rajadas de ar trazendo pedaçinhos de
coisas indefiníveis começam a dar forma a um pequeno redemoinho de vento, de
pensamento, que inicia uma dança sobre a palma da mão gigante. É o florescer de
um pequeno ego.
Com o passar dos tempos e das
tempestades os redemoinhos sobreviventes crescem imponentes, transformam-se em tufões,
tornados e até ciclones. Mas, na proporção em que eles ganham força, o
movimento necessário para que eles sobrevivam formam violentas correntezas de
ar que atraem para seu centro os dedos da mão gigante sobre a qual eles estão. Quanto
mais feroz seu espiralar, mais os dedos se contraem, mais a mão se fecha. No auge deste momento de potencia, de turbulência, o ego é esmagado e fechado em si
mesmo. O seu ápice é o seu fim.
Muitos creem que as pessoas morrem quando
o corpo já não suporta mais trabalhar, mas, na verdade, é assim que morremos. É
uma morte antes da morte, e o que morre não é a verdadeira vida, a vida liberdade,
e sim a vida mentira, a vida petrificada em si mesma e incapaz de sobreviver aos ventos do
mundo.
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