domingo, 18 de maio de 2014

Samudaya: da natureza do sofrimento

sentado na beira do rio.
isso bastaria.

mas a vara pensa
poder
algo real fisgar.

no aço do anzol a luz do sol
reflete na retina;

sentado na beira do rio.
isso bastaria.

mas há aquela expectativa
sobre
os peixes cartesianos.

o olhar fixo
na outra margem,
na imagem rija,
da árvore.

sentado na beira do rio.
isso bastaria.

mas lá no alto há
um corpo que o rio
traz em sua fluidez.

uma emoção
cristaliza-se. Some
o rio, rui a árvore.

sentando na beira do rio.
isso bastaria.

mas o teso corpo
aproxima-se, pestilento e sólido.

só o corpo existe;
com suas veias enraizadas na cena.

sentando na beira do rio.
isso bastaria.

o corpo se distancia, perde-se
no horizonte.

as coisas à existência
retornam.

na linha uma fisgada, alerta.

a imagem
do corpo enrosca-se em aço,
no anzol.

sentado na beira do rio.
isso bastaria.

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