Por favor, não diga quem
sou.
Se eu estiver de bom humor,
pode dizer quem acha que
és,
mas não mais me diga quem
sou.
Ando exausto de tanto ser;
Já fui filho dos deuses
gregos
que deixaram o meu céu
negro,
com raios, trovões e
tempestades.
Já tive nas minhas
entranhas,
o fogo que a tudo
transforma,
e, sempre a mim
muito estranhas,
outras tantas perenes
formas.
Também fui filho do
pecado
e até hoje
sofro este fado;
fervoroso orei ao meu
deus pai,
mas não sei se hoje estou
perdoado.
Outros tempos muitas rasuras;
de bom
selvagem, máquina,
fui tábua rasa e razão
pura;
vários homos e até macaco.
Depois vinguei como
desejo;
síntese de ocultos
poderes.
O adeus àquele
pai estranho
deixou-me neste mar de
seres.
Poderia até estar certo,
Sartre,
mas não me diga que sou
livre,
caso contrário
me contradigo,
e esse poema – já preocupado
–
perderia todo seu sentido.
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