terça-feira, 11 de março de 2014

No meu quintal havia um girassol

Aconteceu quando eu estava sentado numa cadeira de madeira, de frente para meu quintal. Enquanto meus pensamentos vagueavam, vi um pequeno reboliço de formigas ao lado dos meus pés. Sentei no chão, ao lado delas, decidido a observá-las. Juntas, formavam um círculo. Quase não pude acreditar, mas, quando cheguei bem perto, percebi que no meio do de tal círculo havia uma formiga amarrada num minúsculo pedaço de palha. Ao redor desta, as outras pareciam furiosas. Perguntei o que estava acontecendo. E uma formiga, que tinha a cabeça maior que a das outras, e que aparentava ser a chefe do formigueiro, tomou a frente do grupo e respondeu, com ódio: “atearemos fogo nessa palha, essa bruxa – referindo-se a pobre formiga feita prisioneira – deve ser queimada”. Após frase pronunciada de forma tão enfática, começaram um coro “queima, queima, queima”. Fiquei aflito, queria saber o que estava acontecendo; precisava saber o que a tal formiga poderia ter feito de tão grave. Foi então que, no meio do tumulto, ela começou a gritar: “vocês precisam entender, o girassol não é Deus, é só uma flor”.